COLUNAS:


por Weider Weise



por Thiago Andrada



por Andréa Martins



por Wilton Carvalho



por Rodrigo Leme




ARQUIVOS:

  • novembro 2004
  • dezembro 2004
  • janeiro 2005
  • fevereiro 2005
  • março 2005
  • abril 2005
  • agosto 2005
  • setembro 2005







  • Quarta-feira, 31 de agosto de 2005



    Independência


    Não importa se hoje o dia acordou cinzento. Estou azul. Quero sentir o vento em meu rosto como se pudesse ser livre.

    Hoje minha alma vai crescer um palmo e caminhar na ponta dos pés. Vou deixar minha boneca num canto. Hoje sou eu quem caminha e bate palmas. Cansei de brincar de roda.

    Aquela velha ciranda era triste e se acabou. Tomei o copo de veneno que estava em cima do piano e não morri. Deixei o meu esconderijo, mas ninguém vai me alcançar. Se cansar de pular só nessa perna eu mudo. Não tenho mais medo do escuro. Mas quero que você me dê a mão para que eu possa atravessar a rua. A viagem é longa e eu ainda não conheço bem os caminhos.

    Você me diz para não correr, mas eu tenho pressa. Do outro lado do muro tem um mistério. Agora sou eu quem conta as histórias para você adormecer.

    Hoje eu sou a menina contemplando o presente. Tragam-me mais doces. Quero enjoar de lamber os dedos. Quero tomar chuva no quintal. Ainda preciso do seu colo e de sua mão para puxar a coberta quando fizer frio.

    O tempo está mesmo mudando, mamãe. Meu casaco já está mala. Cuidado para não se resfriar. Hoje não vou voltar para o almoço. Enxugue o rosto, você também já é moça feita. Não prometo juízo, fortuna nem sucesso, mas tenho um beijo para te dar.