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  • Quarta-feira, 23 de março de 2005

    As razões do amor

    Era mais que amor. Era alguma coisa como um impulso que a atraía para um precipício. Uma música que ela já sabia de cor. Que repetia mesmo sem perceber.

    Só porque ela ficava cega diante de seus olhos. E porque adorava ficar em silêncio ao seu lado, como quem toma cuidado para não despertar uma criança de sono leve.

    Só porque seu riso a levava a terras distantes onde não havia maldade alguma. E porque sua vida de mistérios era como uma biografia que ela nunca se cansava de ler.

    Só porque seu abraço era leve e macio e infinito e triste como um adeus. E porque todas as vezes que eles se despediam, ela pensava que seria a última e nunca era.

    Só porque sua ira a machucava, mas ela era criança desobediente e batia o pé, e insistia, e ia ficando. E porque ele ficava triste quando a fazia chorar e ela mais ainda, mas depois eles se perdoavam.

    Só porque ele falava um monte de bobagens e ela dava risada. E depois ele falava um monte de coisas complicadas e ela fazia cara de quem estava entendendo, mas não estava entendendo nada. E porque ele gostava de falar sobre política e sobre o mundo, e muitas vezes eles discordavam.

    Só porque todos os dias ele lhe roubava um sorriso. E porque quando eles estavam distantes ela escrevia poesias para ninguém ler.

    Só porque quando suas mãos estavam unidas às dele, era como se houvesse uma ponte que não pudesse nunca ser partida.